domingo, 16 de agosto de 2015

A TERMINAR...E A SEGUIR...


Termina, por aqui a missão deste Blog que era partilhar mais uma das minhas viagens de BTT e integrar o histório para mais tarde recordar...

A próxima aventura já tem data marcada, mas como desejo que elas continuem, vou alterar a prática de criar um BOLG por aventura e já criei uma página no Facebook dedicada a estas actividades.
Nos próximos dias vou começar a postar e não só. O seu endereço é:


- www.facebook.com/viajarapedalar


https://www.facebook.com/viajarapedalar?ref=aymt_homepage_panel

QUASE NOVA BIKE








Depois de quase vinte anos de existência, alguns com uso intensivo, e alguns maus tratos é natural que a minha KONA Sex Three precise de muitos cuidados. Sempre insisti em manter os componentes de origem, mas neste momento, além do quadro já só mantêm os travões Magura Blue e a suspensão da frente, uma Judi DH.
Para manípulos de mudanças, grift shift, de 8v, em estado de funcionamento impraticável provocado pelo desgaste, já não consegui encontrar peças, nem novos, o que levou a necessidade de substituir a totalidade da transmissão . Na verdade, uma nova transmissão de luxo e mais uma mudança: - Quase tudo SRAM, gama X9 e já a pensar nos novos desafios; pedaleiros normais, 22/44, mas... cassete a 12/36 e o desviador, claro, SRAM X9. Em resumo, pronta para subir paredes, assim as pernas ajudem..
Trocando por miúdos isto da transmissão, significa que, à minha cadência habitual de uma pedalada por segundo com o pedaleiro maior e com carreto menor atás consigo fazer 26,4Km (44/12x2x3600) por hora, isto em condições óptimas. No oposto, nas piores condições – desníveis acima de 10%- , com o pedaleiro mais pequeno e com o carreto maior atrás apenas consigo fazer
2,4Km (12/36x2x3600) numa hora.
O amortecedor traseiro, é agora um KINDCHOSK A-TWO, colocado por recurso em Vila Real de Sto. António depois de o Fox de origem ter avariado. Contudo, o KINDCHOSK A-TWO será substituido nos próximos dias dado que é de qualidade muito fraca. À frente, a JUDI DH também vai ser substituida porque não satisfaz as exigências dos desafios que se aproximam.

Genericamente, aí está uma bike com quase 20 anos, afinadinha, em boa condição para as voltinhas, mas a aguardar suspensões novas para as próximas aventuras.


terça-feira, 11 de agosto de 2015

CRÓNICA FINAL

Já muitos dias depois da última aventura, estou de volta para mais umas linhas de escrita, mas, desta vez, com o computador, em vez daquele enervante tablet.
Considerando que os relatos diários eram necessariamente curtos, gostava, agora, de detalhar alguns aspectos que me parecem de interesse, especialmente do que respeita a algumas pessoas que encontrei.
Nisto e como em tudo na vida as opiniões que ouvimos são muito diversas. Uns acham o máximo, outros nem por isso....Para mim, este tipo de aventura é enriquecedora, cheia de emoções, um desafio de superação e sobretudo, mais um excelente encontro comigo próprio.
De facto, envolve alguns riscos, especialmente quando e sempre que possível, me proponho circular fora do alcatrão. Depois, quando quando a bike e toda a carga se aproxima do 35kg, o desafio e o risco são ainda maiores. A maior dificuldade nem é propriamente o peso em si, mas mais a dificuldade de controle quando algo corre mal...
Durante o caminho muitos olhavam-me com ar de espanto, uns interpelavam-me e a outros dirigia eu a palavra. Vou falar, então, de algumas pessoas que encontrei e que me pareceram mais interessantes, deixando de lado muitos outros.
Em Porto Covo encontrei um casal que me despertou muita curiosidade. Eles riram-se para mim, eu correspondi e interpelei conversa. Tinham um ar muito distinto e elegante, na casa dos 65 anos. Traziam duas bicicletas carregadíssimas, talvez cada uma delas com o dobro da carga da minha... não iam a pedalar....eram ingleses, vieram de avião para Faro, propõem-se fazer a viagem até Viana do Castelo, andam muito pouco por dia, não têm limite de tempo iam ficar em Porto Côvo e vinham, naquele dia, por estrada de Vila Nova de Mil fontes. Eram reformados.
No percurso talvez mais bonito da minha viagem, entre o Cabo Sardão e a Zambujeira do Mar que se faz-se muito bem a pé e em boa parte de carro (é terra batida) encontrei um casal, a pé. Transportavam apenas pequenas mochilas, tinham apoio por estrada, vinham, naquele dia, da Zambujeira do Mar para Almograve. Ele era alemão e ela holandesa, reformados, tinham saído de Faro há três semanas e propunham-se chegar ao Porto em três meses, sempre pela costa...disseram maravilhas do que já tinham visto em Portugal. Tinham um ar muito fresco, alegre e tranquilo, gostei muito de falar com eles, embora tenha sido pouco tempo.
No topo de uma enorme descida para Aljezur encontrei uma rapariga perdida. Estava com ar assustado e mais assustada ficou quando lhe dirigi a palavra naquela floresta. Tranquilizeia-a, dizendo-lhe o que estava a fazer, ofereci-lhe água e comida, que ela não aceitou e disse-lhe que estava a cerca de um km de Aljezur e ficou efusiva de contente quando se apercebeu que estava perto do seu destino, Aljezur. Era Francesa, na casa dos 25 anos, estava alojada numa guest house em Aljezur e andava a passear, sozinha, por Portugal.
Na Carrapateira achei estranho um casal jovem com um burro carregado com sacos e logo perguntei ao dono da pensão do que se tratava. Ele disse-me: - São passeios organizados com burros! E explicou: - Não são passeios de burro... são passeios com burros... o burro só transporta a carga e interage com as pessoas... Como funciona isso? Perguntei eu. Ele explicou, mais uma vez: - É uma empresa, proprietária dos burros, que os alimenta e transporta para onde é necessário e as pessoas fazem os percursos que querem com os animais. O preço é ajustado, caso a caso, sendo que a velocidade cruzeiro dos ditos se situa nos 3km/hora... Boa! Passeios com burros... e esta?
O percurso entre a Carrapateira e Cabo de S. Vicente é fantástico, são vistas e praias maravilhosas. Vi muita gente nas praias, mas cruzei-me com pouca. A pista é muito exigente e tive que me concentrar, subidas e descidas a pique e quando isso não acontecia, eram pedras e areia a dificultar, mas o que via era compensador.
Já na via Algraviana, bastante depois de Sagres a chegar à praia do Barranco encontrei um casal, talvez com cerca de 30 anos. Eram polacos, tinham saído de Lisboa há 11 dias, o primeiro objectivos deles era chegar a Málaga, mas tinham a ambição de chegar a Barcelona. Eram muito descontraídos e falei muito tempo com eles. As bicicletas eram do tipo supermercado, traziam pouca bagagem, dormiam em tenda e faziam a comida. Raramente recorriam a parques de campismo para dormir. Dormiam nas praias e onde lhes apetecia, na natureza, como diziam...estavam em lua de mel e numas longas férias. O fim da férias seria determinado pelo fim do dinheiro que tinham...
Não posso agora deixar de falar do local onde pernoitei, perto de Almadena, a uns 17kms de Lagos. Chama-se Quinta das Alagoas.é um antigo forte, propriedade dos meus amigos Bárbara e Fernando Pimenta. É mesmo muito bom! Nada melhor que visitaram o site - http://quintadasalagoas.com/- e passarem por lá. Todos os anos passo lá uma semana.
Utilizei a nacional 125 até Faro. Não me pareceu perigosa para as bicicletas já que se pode circular sempre por fora do traço branco. Tem, de facto, muito transito, mas suporta-se.
A partir de Faro utilizei a Ciclovia do Algarve até Vila Real de Santo António. Achei interessante, bem marcada, com muito bom piso e acessível a qualquer ciclista, mesmo iniciado. Muito concorrida, mas as pessoas com que me cruzei pareceram-me pouco simpáticas... Tive dois furos nesse percurso, passou muita gente e ninguém me ofereceu ajuda...
Veio a seguir a pior parte da minha viagem. Confirmei a beleza de Alcoutim, mas a partir daí foi sempre estrada até Mourão, passando por Mértola. Quase sempre calor acima dos 40ºs. A seguir a Alcoutim foram cerca de 15kms sempre a subir e a única sombra que encontrei foi uma paragem de autocarro.
Em Mértola tive histórias ao pequeno almoço. Dois simpáticos velhotes contaram as suas aventuras durante mais de uma hora. Disseram-me que actualmente o único empregador na terra é a Câmara, mas que antigamente era ainda pior...dizia um deles: - Eu fui muitas vezes à praça! À praça? Perguntei eu. Sim, no Domingo à tarde saíamos para Serpa, caminhávamos a noite inteira para chegarmos lá de manhã. Na praça juntavam-se os trabalhadores e logo apareciam os manageiros e os patrões que escolhiam quem queriam para trabalhar nessa semana e alguns voltavam para casa de barriga vazia... Eu, disse o outro, aos dezoito anos comecei a passar café para Espanha e trazia miolo de amêndoa. Da primeira vez ganhei logo 1.500 escudos... não se conseguia ganhar cá mais de 270 escudos por mês...fiz uma vida à grande...ganhei muito dinheiro, sofri, mas também gozei! E nunca foi apanhado pela polícia? Perguntei eu. Então não fui! Uma vez, eramos doze, fomos apanhados em Espanha, meteram-nos numa sala, mas não tinham algemas de ferro para todos. A mim e mais dois ataram as mãos com um cordel. Pedi a um que tinha algemas de ferro para me desatar, eu desatei os outros dois e fugimos. Fomos os três despachar a mercadoria de todos e ganhamos bom dinheiro. E os outroa? Perguntei. Ah!... entregaram-nos à polícia portuguesa que os libertaram.
Em Elvas encontrei o Frank Van Rijn, um Engº holandês reformado que há muitos anos se dedica a passear de bicicleta pelo mundo e a relatar em livros as suas viagens. Já percorreu mais de 500.000Kms. Tinha saído de Málaga há quatro semanas estava as dar uma volta pela europa dos sul.
Soube no hotel que estava lá um ciclista holandês que tinha ido arranjar a bicicleta, jantou no mesmo restaurante que eu, mas só soube que era ele no dia seguinte quando falei com ele. Viaja com tenda e faz a sua própria comida, mas teve um acidente no dia anterior. Incendiou-se a garrafa de gás, fez queimaduras ligeiras nos braços e na testa, mas a maior parte do equipamento ardeu. Em Elevas comprou uma nova tenda, uma máquina fotográfica e mais algumas coisas. É uma personagem engraçada, muito magro, com ar pouco cuidado e prefere dormir na natureza, disse ele. Curioso ainda é que apenas usava vulgares mapas de estradas para se orientar e sabia, de cor as cidades mais próximas e a respectiva distância. Vale a pena visitar o sei site dele:- www.frankvanrijn.nl.

Depois de Campo Maior e no decorrer de um logo estradão em péssimo estado, talvez mais de 20Kms, encontrei um pastor. É reformado da guarda fiscal, e disse que as ovelhas são para passar o tempo. Lamentei o estado do caminho e ele respondeu: - Isto era tudo do (não me lembro do nome) que era o dono da Galp ante do 25 de Abril... enquanto ele foi vivo andavam aqui sempre dois cantoneiros. Agora os filhos e netos não querem saber disto para nada... falamos ainda de outras coisas, sem interesse, mas o suficiente para inferir que as suas contas bancárias devem estar bem recheadas o que em nada condizia com as sua vestimenta... camisa muito suja e rota, a condizer com o resto... Conclusão? Cada um tira a sua...
Nas minhas notas não tenho mais nada que mereça ser contado, no que a pessoas diga respeito e porque esta espécie de crónica já vai longa encaminho-me para o final falando do que muito me perguntam que é onde durmo e como. Eu respondo, por brincadeira: - sempre no mesmo sítio: - Onde calha. De facto, neste caso não fiz qualquer marcação prévia porque conhecia a generalidade das localidades por onde ia passar e não tive grandes dúvidas de que encontraria sempre lugar para dormir, como aconteceu. Quanto a comida, sou muito exigente com o que como, mas não faço dietas, pelo que é fácil: - Como aonde me agrada a ementa e o preço. O meu divertimento de fim de dia é discutir o preço das dormidas. Exijo uma casa de banho limpa e com boas condições de duche e uma boa cama, claro! Quando chego aos locais para dormir, peço para ver o alojamento, seja hotel ou qualquer outro tipo, pergunto o preço e invariavelmente respondo: - O ciclista só pode pagar 25 euros... quando a divergência é pequena, eles geralmente aceitam a minha proposta. Quando a divergência é significativa e eles não aceitam eu também respondo, invariavelmente:- Amigos como dantes! Alguns ainda dizem: - fique lá... Um dia fiquei no 7º local que consultei e o preço caiu dos 50 euros para os meus 25. Nunca insisto, mas a minha conversa é sempre a mesma... é claro que quando estou muito cansado ou não vejo alternativas não discuto, como também não o faço em cadeia de hotéis.
Escrevi, bem ou mal, mais umas linhas com a especial intenção de mais tarde recordar, de forma despreocupada e sem a preocupação de saber se vão, ou não, ser lidas por outros, mas se o for, desejo que tenham gostado.

Este Blog não poderia encerrar sem falar de um protagonista principal da viagem: - A Minha Bicicleta. Sendo velhinha, quase vinte anos, ficou muito mal tratada, mas ela será rainha no próximo que será o último post do blog que farei nos próximos dias.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Último dia da minha aventura

O percurso da manhã, entre Castelo de Vide e Vila Velha de Rodao, foi repetição para mim, que por ser muito bom, sempre quis voltar. A saída do castelo é sobre calçada romana, muito íngreme e com degraus, pura adrenalina. Depois veem pistas para todos os gostos, mas de que eu gosto muito. Por fim, o Tejo travado pelas portas do Rodao.







À tarde foi sempre alcatrão, com passagem por Proença-a-Nova. Antes do Carrascal, houve ainda lugar para alguns kms em terra com passagem pelos sítios da minha juventude, Corga da Estrada, Lameiras, etc...
Procurei, todos os dias, fazer relatos muito reduzidos do dia. Nos próximos dias farei mais alguns posts em forma de crónica versando um resumo alargado e aspectos que me parecem de interesse, como as pessoas com que me cruzei, as histórias que ouvi e, também, algo dirigido aos praticantes deste tipo de viagens.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Décimo dia - muita dureza!

Em  Campo Maior deixei o alcatrão. Foram 65kms fora de estrada, sendo os primeiros muito agradáveis por longas extensões de montado, até que apareceram as portadas, abre uma fecha outra, mas duas estavam fechadas. Encontrar alternativas não  foi fácil, tive até que saltar uma rede de arame farpado com toda a tralha. Tinha- me abastecido bem em Campo Maior porque não tinha esperança de encontrar sítio para almoçar, mas em Esperança almocei muito bem. Na parte da tarde foi a serra de S. Mamede, muito bonita, mas pistas a pique e  péssimos pisos não faltaram. Atingi a altitude de 750m. Numa só  descida, passei dos 700 para os 500mts de altitude...sempre em pedras soltas...consegui descer rápido sem ir ao chão... acabada a serra pura e dura, foram mais cerca de 20kms até Castelo de  Vide. No total foram 93kms e estive em cima do selim 7 horas e 10 minutos. A temperatura foi amena, entre 20 e 35 graus.











terça-feira, 30 de junho de 2015

Nono dia - 0 Elvas o Elvas...

Cá cheguei a Elvas, depois de 93kms, dos quais 40 fora de estrada, já tinha saudades...a temperatura voltou a baixar, mas o terreno piorou muito, foi um constante sobe e desce, começando por Monsaraz. O piso fora de estrada, na sua maior parte, muito pedregoso e muita pedra solta. Monsaraz é uma beleza,







 de resto, só passei por duas pequenas aldeias. Acabei por ter que fazer um desvio de cerca de 15kms pelo Alandroal para almoçar seguindo, depois, por estrada até Elvas.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Oitavo dia - sempre a rolar...

 Um dia com muita pedalada... Foram 139 kms (incluindo castigo por fifia de navegação) o que significou 7 horas e 20 minutos no selim. Tudo em forma, quer o  veículo, quer o motor. Os apoios do motor continuam a queixar-se, mas teem que se aguentar...
O dia começou a subir a serra de Mértola; cerca de 5 km sempre a subir, o que fiz sem parar.
Sempre por alcatrão, passei por terras muito bonitas, como  Mina de S. Domingos, Serpa, Pias, Moura, Safara, Amareleja e Mourao, onde me encontro agora. As temperaturas hoje foram mais amenas, mesmo assim, a máxima atingiu os 46 graus
Amanhã penso ficar com Badajoz à vista...